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Como criar uma pessoa capaz de voar

Por Gabriela Mezzacapa
Um pequenino chega ao mundo, e o mundo é grande e vasto. A mamãe que o carregou na barriga agora o carrega nos braços fortes, capazes de enfrentar o mundo – ou de criar um mundo lindo – pela sua cria. Sempre fui criativa, e a maternidade tem sido inspiração para cada vez mais disso – como promover o melhor pra minha menina, respeitando seus gostos e desejos, seu tempo e seu ritmo. Foi assim que surgiu o quadro sensorial. Ficou pronto aos quatro meses da Sofia e a acompanhou até quase 1 ano. O material? Muita coisa reaproveitada, EVA e cola quente numa placa de isopor, compondo o jardim cheio de vida e cor que desejo que seja a vida dela.

​Quando oferecemos brinquedos e brincadeiras criativas para nossos pequenos estamos também mostrando a eles que é legal inovar. E vivemos em tempos em que sair da caixinha parece ser a melhor opção de forma de viver para o ser humano e para o mundo: os problemas se avolumam, se tornam mais complexos, as velhas formas de viver trazem dor, sofrimento, extinção de outras espécies e – num cenário não tão irreal assim, da nossa própria.
Quando decidimos que traríamos um bebê para o mundo, sabíamos que nossa missão não era apenas deixar um mundo melhor para ele, mas que nosso maior legado seria deixar uma pessoa melhor para o mundo… Mas como a gente faz pra fazer uma pessoinha melhor que nós mesmos, se já estamos fazendo o melhor que podemos? As palavrinhas autonomia e criatividade vêm à tona, e estão muito ligadas uma à outra.
Ambientes e brinquedos a explorar livremente, giz de cera, lápis de cor, música e instrumentos musicais, sucatas e fita adesiva… Nós somos inerentemente capazes de criar, desde que essa capacidade seja estimulada, não tolhida. Brincadeiras menos direcionadas, jogos com regras simples e flexíveis (como jogos de contar histórias), e objetos lúdicos que estimulem todos os sentidos ajudam! Uma educação permeada de mais estímulos que negativas também é muito importante! Seja qual for a abordagem, ou a mescla de abordagens educativas que se utilize – criação com apego, método montessoriano, educação não violenta… – o importante é que a criança seja o mais livre possível, e seja elogiada e incentivada a cada novidade que produza. Isso vale para aprender a falar uma palavra nova, para desenhar seus rabiscos, para inventar um amigo imaginário, entre tantas outras criações infantis.
Darmos o exemplo é um outro aspecto importantíssimo, pois é o mais forte elemento de aprendizagem de nossos filhos no início de suas vidas. Sermos criativos. Inventar histórias que não estão nos livrinhos. Inventar novas funções para objetos antigos – a caixa que vira carro, que vira castelo… ​

​Para os pequeninos, os quadros ou livros sensoriais​, com elementos cotidianos, material reaproveitado, diferentes cores, texturas e possibilidades de interação, formando cenários, paisagens, animais… Não importa se não ficar muito bonito, precisa ser divertido, diferente e seguro para ser explorado de forma adequada a cada faixa etária.
Por fim, envolver a criança em atividades criativas que você já vá fazer, desde decorar a casa até preparar uma comida diferente, adaptando a receita aos ingredientes disponíveis é uma outra forma de estimular a criatividade infantil. Em vez de criar uma história que não está no livrinho, que tal escrever um livrinho junto a seu filho, com ilustrações desenhadas e pintadas por vocês? Eu e minha irmã ajudando a minha mãe a montar a decoração de nossas festas de aniversário, em meio a placas de isopor, cartolinas, canetinhas, cola, guache, é uma das memórias mais gostosas que tenho da minha infância.
​Deixá-las criar, criar para elas e criar com elas são o tripé para educar futuros adultos capazes de desenvolver soluções novas e inteligentes para os problemas do mundo e de viver uma vida mais presente, livre e feliz. Afinal, maternar é ajudar um ser humano a se inventar. Não à toa que nós, mães, somos todas meio deusas, capazes do sopro doce da criação. Promovendo a criatividade e a autonomia de nossos filhos com amor somos capazes de afagar suas asas e mostrar-lhes o caminho para que aprendam a voar

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